Este Inferno de Amar
Este inferno de amar — como eu amo!
Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida — e que a vida destrói —
Como é que se veio a atear,
Quando — ai quando se há-de ela apagar?
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez… — foi um sonho —
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar…
Quem me veio, ai de mim! despertar?
Só me lembra que um dia formoso
Eu passei… dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Que fez ela? Eu que fiz? — Não no sei
Mas nessa hora a viver comecei… Sobre o Autor
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garret (1799-1854), foi o introdutor do Romantismo em Portugal.
Pelo estilo da poesia, é interessante citar sua biografia sentimental: Com 22 anos, casou-se com uma moça de 14, Luisa Midosi. O casamento durou quinze anos, terminando rumorosamente devido à infidelidade de Luísa. Em 1841 teve um caso com Adelaide Deville, que lhe deu uma filha. Seu grande amor, entretanto, surgiu apenas no final da vida, quando se apaixonou pela Viscondessa da Luz, Rosa de Montúfar, que, no entanto, era casada. Este último caso amoroso inspirou a maioria dos pomas do livro Folhas Caídas, publicado em 1853, entre eles, "Este inferno de amar".
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